Nos últimos meses, o Índice Nacional de Custo da Construção, confeccionado e divulgado pela Fundação Getúlio Vargas, continua afetando o mercado imobiliário. Neste sentido, Ieda Vasconcelos, economista da CBIC apontou que, o cimento, é um dos insumos que mais se valorizou, com uma alta de 3,15% em junho. Somente no primeiro semestre o cimento teve um aumento de 16,84% no seu preço.
Neste contexto, Robson Macedo, CEO da BidYou, uma assessoria de investimentos imobiliários, reformou a importância da indústria cimenteira no segmento da construção civil, um dos principais termômetros do setor. Sobre o assunto, Macedo frisou:
“O principal motivo dessa variação são os consecutivos reajustes dos insumos: refratários, gesso, sacaria, frete marítimo, rodoviário e coque de petróleo. Outro importante termômetro é a indústria do aço, material aplicado em diversos locais, incluindo edifícios”.
Entretanto, não foi apenas o cimento que subiu de preço: outros insumos apresentaram preços elevados nos últimos meses, especialmente os vergalhões e os arames de aço de carbono, que tiveram aumentos de 1,64%, 6,97% e 3,06%, entre abril, maio e junho, respectivamente.
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Sobre o preço elevado dos materiais, Ieda apontou: “Essas altas contribuem para manter o custo da construção em patamar elevado, prejudicando as atividades do setor, gerando incertezas, instabilidades e preocupação em relação aos futuros lançamentos. Vale destacar que há 24 meses consecutivos a alta dos insumos é um dos principais problemas enfrentados pela Construção”
Cimento não é o único problema: outros entraves ocorrem na construção civil
Segundo Sylvio Pinheiro, diretor da G+P Soluções, a inflação dos insumos ocasionada pelo câmbio, pela alta do petróleo e os diversos commodities existentes, também foi responsável pelo desequilíbrio dos orçamentos, o que tornou a viabilidade das construções incertas. Neste sentido, ele pontuou: “Os projetos então voltaram para a prancheta. Enfim, temos uma sucessão de fatores que contribuíram para que o segmento imobiliário desse uma travada”
Além disso, Jamille Dias, consultora de Marketing e Vendas na Riviera Construtora, aponta que a alta dos insumos tem influência severa na área Comercial das empresas. Isso porque os valores passam a ser mais altos, o que resulta numa aprovação de crédito delicada para o cliente, devido ao preço alto.
INCC de junho mostra defasagem e pior resultados em 28 anos
Ainda conforme o estudo da CBIC, o INCC aumentou 2,14% em junho, o que representa a terceira maior elevação para este mês nos últimos 28 anos. Isso porque somente em junho de 1995 tivemos patamares tão elevados – 3,12%, sendo que o registrado no mês anterior — 2,16% — já era uma das maiores altas.
Dessa forma, o indicador cresceu 7,53% no primeiro semestre de 2022 e 11,58% nos últimos 12 meses. Sobre a situação, Ieda pontuou: “É importante ressaltar que é nos meses de maio e junho que se concentram as datas-base dos trabalhadores da Construção Civil nas cidades pesquisadas pelo INCC e, por esse motivo, historicamente, observa-se maior aumento do custo nesse período”.
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Além disso, Ieda também pontuou que, desde julho de 2020, o setor da construção civil já vem sendo impactado pela alta nos preços dos insumos, especialmente o cimento. Somente de julho de 2022 a julho de 2022, o INCC/FGV aumentou em 30,94%. Sob a perspectiva da situação, ela frisou:
“Neste período, o custo com materiais e equipamentos cresceu 52,70%, a mão de obra registrou elevação de 18,46% e o custo com serviços aumentou 17,74%. Observa-se, portanto, que o incremento no custo com os insumos foi a maior fonte de pressão na elevação dos custos da construção.“