O Brasil, um país de proporções continentais, marca um avanço estratégico no setor energético com a conclusão da maior rede de gás natural da América Latina. Localizada no Porto do Açu, em São João da Barra, Rio de Janeiro, esta obra monumental visa fortalecer o abastecimento de energia diante dos desafios hídricos do país.
A obra de gás natural, uma joint venture entre a Prumo Logística, CEMS e SPIC, é um marco na matriz energética brasileira. As usinas térmicas GNA 1 e GNA 2, juntas, possuem uma capacidade de 3 GW, capaz de atender 14 milhões de residências. O projeto inclui um terminal de regas de GNL com uma capacidade impressionante de 21 milhões de metros cúbicos por dia.
Esta iniciativa surgiu como resposta à crise hídrica do país, que nos últimos 20 anos tem enfrentado episódios críticos no setor de energia, incluindo o apagão de 2021 e a crise hídrica de 2014. A necessidade de diversificar as fontes de energia tornou-se mais premente, com os reservatórios do Sudoeste e Centro-Oeste operando em apenas 18% de sua capacidade em 2021.
Projeto GNA
O gás natural, formado por organismos mortos aprisionados em rochas sedimentares há milhões de anos, é extraído e processado para diversos usos, incluindo a geração de eletricidade. No projeto GNA, o gás natural é liquefeito para transporte em navios-tanque, o que é fundamental para o funcionamento das usinas.
A GNA 1, também chamada de Usina Termelétrica Novo Tempo, iniciou sua construção em 2019 e foi inaugurada em 30 de setembro de 2021. Equipada com a turbina SGT 6 8000H da CEMS, a mais eficiente do gênero a chegar ao Brasil, a GNA 1 tem capacidade de 1,3 GW, suficiente para abastecer 6 milhões de residências.
A construção dessa obra monumental não é isenta de desafios
Agricultores familiares de São João da Barra expressam preocupações sobre o impacto da instalação em suas terras, e questões ambientais relacionadas às emissões de gases do efeito estufa também são motivo de debate.
Atualmente, a segunda parte do projeto, a GNA 2, está 85% concluída e tem previsão de início de operação para janeiro de 2025. Com uma capacidade instalada de 1,6 GW, a expansão incluirá também gasodutos terrestres e uma unidade de processamento de gás natural (UPGN). A região do norte Fluminense tem atraído diversos empreendimentos, gerando mais de 12.000 postos de trabalho e trazendo desenvolvimento para uma área anteriormente carente de oportunidades.
Esta obra de gás natural, apesar de utilizar uma fonte de energia que ainda emite CO2, representa um passo importante para a segurança energética do Brasil, oferecendo uma alternativa crucial às hidrelétricas, especialmente em períodos de crise hídrica. A discussão sobre o futuro energético do Brasil continua aberta, ponderando entre as necessidades imediatas e os desafios ambientais de longo prazo.