O setor da construção civil poderá ter uma solução ainda mais limpa para as obras com o cimento e concreto sustentáveis produzidos pelos estudantes da UFC a partir de resíduos obtidos das operações da siderurgia e termelétrica do Porto de Pecém
Alguns estudantes do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil – Estruturas e Construção Civil (PEC) da Universidade Federal do Ceará (UFC), desenvolveram um novo tipo de cimento e concreto sustentáveis que são produzidos a partir dos resíduos do Porto do Pecém. E, nessa última quinta-feira, (14/04), comentaram sobre a importância da utilização desses novos materiais para garantir obras mais conscientes no setor da construção civil.
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Resíduos da termelétrica e siderurgia do Porto do Pecém se tornam concreto e cimento sustentáveis na mão de alguns estudantes da UFC e trazem mais sustentabilidade à construção civil
Pensando em possibilitar projetos de obras mais conscientes e com compromisso ambiental no segmento da construção civil, um grupo de estudantes da PEC, na UFC, se uniram para desenvolver um novo tipo de concreto e cimento sustentáveis e produzidos a partir de resíduos das operações da termelétrica e da siderurgia no Porto do Pecém, garantindo assim não só um novo destino para esses rejeitos, como também uma nova solução para as construções.
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A pesquisa do grupo de estudantes foi, inicialmente, pensada para a produção de cimento álcali-ativados, que são feitos com resíduos de cinzas da termelétrica do Pecém e da Companhia Siderúrgica do Pecém e garantem mais sustentabilidade na sua produção, por não conterem os produtos originalmente utilizados. Já o concreto sustentável é produzido por meio da substituição da areia e brita usadas como agregados no concreto pela aplicação de resíduo da produção de aço da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP).
Dessa forma, os estudantes afirmam conseguir um material mais sustentável para os projetos de obras da construção civil, uma vez que a produção usual do cimento acaba liberando muitos gases poluentes na atmosfera, como por exemplo o dióxido de carbono. Já a retirada de areia para a produção de concreto gera impactos ambientais como desmatamento e dragagem do leito de rios, afetando a fauna e a flora, e a produção de britas demanda a detonação de rochas, alterando a paisagem e causando uma série de impactos ambientais nesses locais.
Estudantes da UFC comentam sobre custo inicial alto para produção do cimento e concreto sustentáveis, mas ressaltam possibilidades de mais sustentabilidade na construção civil
A pesquisa dos estudantes teve seu início no ano de 2019, com a direção de Heloína Costa, recém-doutora pelo PPGEM/UFC e professora do campus da UFC em Crateús, sob orientação dos professores Ricardo Emílio (PPGEM) e Eduardo Cabral (PEC). Agora, os alunos conseguem, de forma independente, dar continuidade ao projeto para buscar mais sustentabilidade e novas soluções dentro do setor da construção civil, dinamizando ainda mais a discussão sobre práticas mais conscientes nessa cadeia produtiva.
Assim, o estudante Eduardo Cabral, líder do grupo de pesquisa em Materiais de Construção e Estruturas (GPMATE), comentou sobre os altos custos inciais para a produção do concreto e cimento a partir dos resíduos do Porto do Pecém, afirmando que “Todo material inicial tem esse tipo de problema (….) Isso se resolve ganhando utilidade, e o preço [com o tempo] cai”, mas ressaltou ainda mais benefícios para garantir mais eficiência nas obras da construção civil com a utilização do material sustentável e disse “Você tem ganho de resistências enormes em poucas horas”.
Embora ainda esteja em fases iniciais de produção, o concreto e o cimento sustentáveis dos estudantes da UFC podem ser ótimas alternativas para dar um novo destino aos resíduos do Porto do Pecém e abrir a discussão sobre uma construção civil cada vez mais consciente em relação aos impactos ambientais.